A sustentabilidade ambiental é um dos desígnios do milénio para a humanidade. As alterações climáticas, a poluição e o esgotamento de recursos naturais são problemas verdadeiramente existenciais para a espécie e torna-se urgente mudar de rumo, como ficou evidente na última Cimeira do Clima na Escócia. Urge uma gestão mais inteligente dos recursos, inverter a devastação da biodiversidade, diminuir a pegada carbónica e reabilitar um planeta profundamente doente. Os problemas são globais e o impacto atinge-nos a todos. Ninguém escapa e as soluções têm que começar, desde logo, por ser individuais, mas sobretudo locais, em sintonia com estratégias mais vastas como a Agenda 2030 das Nações Unidas ou o Pacto Ecológico europeu, que dão coordenadas e balizam as ações.
A Figueira da Foz não pode passar ao lado deste apelo, devendo redobrar os esforços para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, pela qualidade de vida dos seus habitantes, pela proteção da sua natureza e pela sua notoriedade como destino verde, um objetivo cada vez mais relevante para o concelho face ao relativo declínio da oferta balnear. Não é por acaso (ver gráfico) que as regiões mais fortes em turismo, Algarve e Madeira, são as que mais têm investido em matérias ambientais. Um passo será começar a integrar dinâmicas nacionais de “certificação” ecológica como a Bandeira Verde ECOXXI (atribuída este ano a 58 municípios, ver aqui ) ou preparar e apoiar projetos candidatos aos Prémios ODSlocal, entregues esta semana e organizados pela Plataforma ODSlocal (uma rede que a Figueira da Foz ainda não integra, saiba mais aqui ). Não só pela visibilidade que estas plataformas acarretam, mas para ter metas concretas para cumprir, seja com projetos próprios, seja reforçando o estímulo e apoio à sociedade civil para algo mais perene que ações pontuais de limpezas de praia ou plantações de arvoredo.
Uma grande fatia dos fundos comunitários desta década terão como destino projetos desta área. A descarbonização, a bioeconomia e a economia circular são palavras de ordem, é altura de dar verdadeira atenção ao meio ambiente. De preferência que esses projetos sejam de facto impactantes e sustentados num pensamento estruturado e numa lógica de médio ou longo prazo e que envolvam todos os atores económicos e políticos do concelho.
Em termos de investimento direto do Município, quanto gasta afinal a Figueira da Foz em Ambiente? E os municípios da região? E as regiões? Pelos números de 2020, a Figueira da Foz está um pouco acima da média da região, o que não é dizer muito, se considerarmos que o grosso do investimento é aplicado na gestão de resíduos, como acontece de resto, em toda a região. Seja como for, organizámos alguns dados para que possa analisar por si.




Notas:
1) Como muitos outros na região de Coimbra, o Município não apresenta despesa nos itens Gestão de águas residuais, Protecção e recuperação dos solos, de águas subterrâneas e superficiais, Protecção contra ruídos e vibrações, Protecção contra radiações, Investigação e desenvolvimento, bem como Outras atividades de protecção do ambiente.
2) Não constam dados de anos anteriores no Município da Figueira da Foz.