A Novapolis divulgou hoje, 8 de março, os vencedores do Prémio Natércia Crisanto. O prémio,
que tem em vista homenagear a sua patrona, por uma vida pautada pela ética, pela defesa da
tolerância e da liberdade, ajusta-se aos objetivos desta associação, cuja missão é a de
incentivar a iniciativa cívica, a solidariedade e a cultura.
O prémio contempla três dimensões: História Local, Iniciativa Cívica e Iniciativa Jovem, sendo o
júri constituído por Ana Nabais Magalhães, António Tavares, Gonçalo Crisanto, Luís Ferreira e
Pedro Mota Curto.
Renato Martins foi o vencedor em História Local, com um trabalho de investigação sobre os
espaços físicos e a identidade das personagens do romance Sinais de Fogo, de Jorge de Sena.
Na intervenção cívica sagrou-se vencedor o projeto de uma escola de língua e cultura
portuguesa a funcionar na Marinha das Ondas. O júri ressaltou a importância dos valores da
inclusão e da igualdade inerentes ao projeto.
Já na dimensão iniciativa jovem, o prémio distinguiu um projeto ambiental de Inês Durão, pela
envolvência e diversidade de participantes que de norte a sul limparam praias da nossa costa.
A Novapolis regozija-se pelo número de candidaturas ao prémio, atendendo a que se trata da
sua primeira edição e com o ano letivo já em andamento. Agradece, por isso, aos que, não
tendo vencido, pautam, de igual forma, a sua vida e o seu tempo a favor dos outros, lutando
por uma sociedade melhor e mais atenta aos valores que serviram de bússola a Natércia
Crisanto.

A cerimónia de entrega dos Prémios decorrerá em data a anunciar, que esperamos breve, a
coincidir com a inauguração da estátua em homenagem a Natércia Crisanto, em processo de
aprovação camarária e a erigir na rotunda com o seu nome, a meio da Rua Dra Cristina
Torres.
Foram, assim, os seguintes os premiados:
1. Categoria “Projeto de Investigação” (investigação inédita e não publicada sobre a história
local).
Trabalho premiado: Os homens não são sinais de fogo
Consideração: Este ensaio traduz-se na identificação dos espaços físicos da obra “Sinais de
Fogo”, na cidade da Figueira da Foz, mas também na identidade de algumas personagens do
romance. Pela pertinência da temática, por superar uma lacuna no estudo da literatura
figueirense ou que, de alguma forma, respeita à Figueira da Foz, pela seriedade e pelo esforço
da pesquisa efetuada, parece-me merecedor do prémio. Este estudo torna-se muito mais
importante se atendermos ao fato de que a obra de Jorge de Sena é considerada, por muitos,
o melhor romance português do século XX.
A abordagem historiográfica de Renato Martins ao romance de Jorge de Sena “Sinais de Fogo”,
organizada em duas partes “Genealogia e apontamentos biográficos” e “Itinerário de Jorge de
Sena na Figueira da Foz”, representa um trabalho inovador e multifacetado. A investigação
efetuada quer no âmbito da história local – dos costumes, das componentes sociológicas, da
política da época de 1936 -, quer o detalhado trabalho em termos urbanísticos, alargando-os
ao tempo atual (2016, data da presente obra) permite uma segunda leitura da obra de Jorge
de Sena numa outra dimensão e, certamente, para quem ainda não a conhece um desejo de a
ler.
Além disso, evidencia uma investigação interessante, enveredando por caminhos nem sempre
simples de trilhar e desbravar, explorando um tema deveras pertinente e que contribui para
um melhor conhecimento do passado e da história recente da Figueira da Foz.
2. Categoria “Projeto da Sociedade Civil” (iniciativas desenvolvidas por pessoas singulares,
associações ou organizações não governamentais).
Projeto premiado: Escola do ensino do Português na Marinha das Ondas
Consideração: A criação de uma escola, na Marinha das Ondas, para o ensino da língua e da
cultura portuguesa a um conjunto de imigrantes asiáticos, com contratos de trabalho numa
empresa local, e suas famílias, pela Isabel Lino e duas amigas, revela desde logo um espírito de
alerta para com uma franja da população naturalmente fragilizada.
A iniciativa, para além de agilizar desde logo o dia a dia daquela comunidade, com o
conhecimento da língua portuguesa, contribui para o processo de integração e a não
discriminação de uma franja da população residente na freguesia. É uma ação de inclusão
social num processo de modelo coletivo de cidadania.
No caso, o projeto é de uma importância fulcral para a inclusão e sociabilidade de imigrantes,
mas também para a divulgação e ensino da língua portuguesa.
Categoria “Iniciativa Jovem” (iniciativas desenvolvidas por pessoas individuais com idades
compreendidas entre os 18 e os 30 anos de idade).
Projeto premiado: “Mãos À Obra”
Consideração: Os projetos candidatos são de grande louvor. Não obstante, pela logística, pela
envolvência (milhares de participantes de norte a sul do país) pela diversidade dos
participantes, pela continuidade das ações levadas a cabo e pela dimensão de intervenção
social e cívica este foi considerado o melhor. Descreve uma vasta e efetiva ação de cidadania
em prol da defesa do ambiente, que apesar de não ser inédita representa um renovar da
esperança nos jovens na quase vã tentativa de impedir que o ser humano se extinga a si
próprio, nas próximas décadas. Se quase já não há esperança nos adultos (e nas suas
prioridades económicas) para evitar a destruição da vida humana (e de muitos ecossistemas)
no planeta Terra, resta-nos confiar aos jovens o desiderato de combater eficazmente as
nefastas consequências das evidentes alterações climáticas.
Mais informação sobre o Prémio Natércia Crisanto e o seu Regulamento, aqui:
https://www.novapolisfigueiradafoz.org/premio-nova-polis-natercia-crisanto/